O líder de Programa do Banco Mundial, Roland Clark, apresentou, nesta quinta-feira (09/06), durante o IX Congresso Consad de Gestão Pública, o Diagnóstico Sistemático do Brasil, relatório da instituição que traz as conquistas do País e os principais desafios da nação para a retomada do crescimento. De acordo com o estudo, é preciso buscar soluções para a desigualdade social e investir em sustentabilidade.
Com o objetivo de entender os problemas fundamentais de desenvolvimento que afetam os 40% da população mais pobre, o estudo foi dividido em quatro etapas envolvendo as conquistas recentes do Brasil, a natureza do Estado, as consequências da Nova República e os principais desafios do País.
Segundo Roland Clark, o principal ganho, após a redemocratização, foi a estabilização macroeconômica, a ampliação dos projetos sociais e a redução de desmatamento. No entanto, Clark ressaltou que o inchaço da máquina pública e o aumento dos gastos públicos tornaram o Brasil um estado ineficiente. “O Brasil é um dos países da América Latina que mais gastam com o serviço público, porém, é um dos mais ineficientes. Existe um desequilíbrio na divisão de recursos. Por exemplo, a maior parte do gasto vai para a previdência, apenas uma pequena parcela vai para transferências sociais e investimentos. Ou seja, temos pouca infraestrutura e baixa qualidade”, afirmou.
O estudo do Banco Mundial também mostrou que é preciso desenhar as instituições políticas para a criação de empregos produtivos para os mais pobres com um aumento sustentado no crescimento da produtividade. Clark explicou que também é necessário tornar as instituições capazes de gerir o capital natural do Brasil para produzir renda sem destruir o patrimônio e enfrentando o impacto da mudança climática.
Para o chefe da Assessoria Técnica da Presidência do IPEA, Alexandre de Ávilla Gomide, é importante levar em consideração a complexidade do ambiente político institucional do país, que inclui fatores da redemocratização ao fortalecimento das instituições de controle. “Não é possível generalizar as nossas capacidades estatais. No sistema neofederativo, tivemos o fortalecimento de diversas instituições de controle, que ganharam poder e economia”, disse.
Ávilla destacou que o relatório também não leva em consideração a existência dos canais institucionalizados entre o estado e a sociedade, que facilitam a discussão da elaboração dos projetos sociais e a qualidade da burocracia do governo. “Se compararmos o Brasil com os países do BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), existe uma desvantagem na capacidade estatal, contudo, possuímos instituições poderosas que contribuem para políticas de desenvolvimento, integração entre políticas de proteção a renda, com serviços de cobertura universal de saúde e educação”, concluiu.
Maria Claudia Meireles